terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Quando a chuva apertar

outro dia
eu peguei uma chuva daquelas.
- tem chovido muito por aqui
e, apesar de saber, esqueci de levar o guarda-chuva -

É minha cabeça anda esquecida
Ou até, talvez, anda querendo esquecer.
Nesse dia, quando a chuva começou
Ela estava tímida. Feito eu, quando ando na rua sozinha.

Num primeiro instante incomodada eu apertei o passo
à procura de marquises.
Queria não me molhar. Impossível.

Entre um ventinho e outro
A chuva tornou-se mais forte
E aí a tendência foi tentar chegar em casa mais rápido
E eu percebi que as pessoas paravam pra esperar
Calmos e protegidos em um teto temporário.

Eu não.
Eu fui. Enfrentei a chuva.
Então, por um instante, me perguntei?
- Porque corro? Porque não paro? Porque enfrento mas fujo?
Aquelas indagações
foram como tomar um banho de água vinda da poça
sim, aquela indagação que você não esperava, mas veio.

Diminui o passo. Não parei
Olhei pro alto
E contemplei.
Senti a chuva.
Agradeci.

E percebi ali
Que a vida é como um dia de céu azul
Surpreendido pela chuva.
As vezes você até tem um guarda chuva,
mas ele é fraco e se contorce se ela for muito forte
e não tem jeito, você vai se molhar, por mais que tente sair ileso.
Ou se você der sorte
Vai ser uma chuvinha de verão
Com trovões e raios assustadores,
Mas...vai passar rapidinho.
Sim. Vai passar!
E se você estiver sem guarda chuva e decidir enfrentar a chuva
Enfrente.
Não se esconda!
Sinta.

Sua casa estará logo ali.
Quando a chuva apertar.